sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Óbidos

Localização de Óbidos


Mapa de Óbidos


Localização Geográfica

Óbidos é uma vila portuguesa situada na região Oeste, fazendo parte da Região de Turismo do Oeste, com cerca de 3100 habitantes.
É sede de município, subdividido em 9 freguesias: A-dos-Negros, Amoreira, Gaeiras, Olho Marinho, Santa Maria, São Pedro, Sobral da Lagoa, Usseira e Vau. Tem no seu limite Caldas da Rainha a sul, Bombarral a sudoeste, Lourinhã a oeste e Peniche a nordeste.
Fica localizado a 80km de Lisboa e a 349km de Faro. É uma localidade turística muito popular.
O feriado municipal comemora-se a 11 de Janeiro.



História

A vila de Óbidos foi conquistada aos Mouros



Vila de Óbidos


Os Mouros, no séc. VIII ocupam a Vila de Óbidos a 11 de Janeiro de 1148 e D. Afonso Henriques conquista a vila aos Mouros em 1195. Por doação do foral de Óbidos, a vila foi doada por D. Dinis à sua mulher, Rainha Santa Isabel, ficando como pertença da Casa da Rainha,. Por aqui passaram muitas rainhas de Portugal, deixando muitos benefícios para Óbidos incluindo D. Catarina que mandou construir o aqueduto e os chafarizes. D. Manuel I retoma Óbidos em 1513 mediante novo Foral.
O terramoto de 1755 fez-se notar na vila, derrubando parte da muralha e também templos e edifícios, alterando a construção de alguns deles com aspecto árabe e medieval. Óbidos foi palco das lutas da guerra peninsular, tendo ocorrido a grande batalha da Roliça que na época pertencia ao templo de Óbidos.
São muitos os tesouros culturais desta pequena vila, que na sua reduzida área contém 14 igrejas e capelas, sendo de realçar a Igreja Matriz de Stª Maria com as paredes revestidas a azulejos e com quadros de Josefa d’Óbidos (pintora). Igualmente nos seus arredores existem pontos de interesse da mais variada ordem: o aqueduto, mandado construir por D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III; a Lagoa de Óbidos, local propício para a pesca e caça, próximo da qual tinham lugar os piqueniques reais.
A adaptação do Castelo a Pousada, em 1951, constituiu o primeiro ponto português em que um monumento histórico beneficiou deste tipo de aproveitamento.
A 16 de Fevereiro de 2007, o castelo de Óbidos recebeu o diploma de uma das sete maravilhas de Portugal.

Cronologia:

308 A.C - Fundação da vila pelos Celtas.
Séc. I - Óbidos é conquistada pelos Romanos
Séc. V/ VI - Aos Romanos sucederam-se os Visigodos.
Séc. VIII - Os Mouros ocupam a vila.
1148 a 11 de Janeiro - D. Afonso Henriques toma Óbidos aos Mouros (feriado municipal).
1195 - Provável doação de foral a Óbidos.
1246 - Ao manter a fidelidade a D. Sancho II, Óbidos assegura o título “Mui nobre e sempre leal que mantém até hoje.
1282 - D. Dinis e a Rainha Santa Isabel passam núpcias em Óbidos. Com a doação da vila, como prenda de casamento, esta passa a fazer parte integrante de dote de todas as rainhas portuguesas até 1834.
1422 - Na Vila de Óbidos, D. João I faz a mudança da era de César para a era de Cristo.
1441 - No dia 15 de Agosto casa o Infante D. Afonso (mais tarde D. Afonso V) com D Isabel. O noivo tinha dez anos e a noiva oito.
1491 - A rainha D. Leonor, mulher de D. João II, retira-se para Óbidos depois da morte do seu filho, Infante D. Afonso.
1498 - D. Leonor funda a Misericórdia de Óbidos.
1513 - D. Manuel faz a doação de novo foral a Óbidos.
1527 - D. João III institui em Óbidos uma cadeia de Matemática e outra de Teologia. 1684 - A 22 de Julho morre a pintora Josefa d`Óbidos.
1755 - Óbidos é danificado pelo terramoto.
1808 - De Óbidos são disparadas as primeiras salvas de tiros que dão início à Batalha da Roliça durante as invasões francesas, onde Napoleão sofre a sua primeira derrota da guerra Peninsular.
1834 - Extinção da Casa das Rainhas.
1900/1910 - O Rei D. Carlos faz grandes calçadas na Lagoa, com o Padre António Almeida, capelão da igreja do Senhor da Pedra.
1910/1950 - Restauro da Muralha.
1973 - Tem lugar, em Óbidos, uma das reuniões do Movimento dos Capitães, realizada na Sede da Sociedade Musical Recreativa Obidense, que desencadeou a Revolução 25 de Abril de 1974.
1994 – Escavações arqueológicas de uma cidade romana identificada como sendo Eburobrittium.


Paisagem e praia


Lagoa de Óbidos

Belas vistas panorâmicas fazem deste local um dos mais românticos de Portugal. De um lado avista-se a magnífica e rica Várzea da Rainha e do outro lado o vale do Rio Arnóia. É uma zona húmida, com margens sossegadas, áreas de paul e pequenos portos de pesca artesanal. Estende-se entre as proximidades da povoação de Vau ao Bom Sucesso, Foz do Arelho e Nadadouro. A entrada é modificada todos os anos pelo jogo das correntes e marés, muito frequentada pelos veranistas, existindo areal na margem norte (Foz do Arelho) e sul (Bom Sucesso)
A Lagoa e toda a zona de praia dispõem de restaurantes, sendo Óbidos uma vila privilegiada a esse nível. Com unidades hoteleiras de grande categoria assim como Turismo de Habitação.

Monumentos de Óbidos

Castelo de Óbidos

O castelo situa-se no cimo de um monte escarpado, a cerca de oitenta metros de altitude.
A vila de Óbidos, com os seus traços de origem medieval, é um dos patrimónios históricos e culturais mais importantes do nosso País.


Castelo e Conjunto Urbano da vila de Óbidos


Sabe-se que foi D. Sancho I quem mandou reconstruir a muralha ocidental e construir a torre do facho, que tem algumas alvenarias romanas.
No século XVII, este forte já se encontrava em mau estado, e piorou significativamente com o terramoto de 1755, ficando destruída a alcáçova e a cerca do castelo. Para além das funções militares, o castelo serviu também de Paço Real e dos Alcaides, a partir de 1950.


Porta da vila
A porta da vila é considerada a entrada principal do recinto onde se encontra toda a população de Óbidos, tendo sido construída no séc. XII.

Igreja paroquial de Santa Maria - Principal igreja da vila


Igreja de Santa Maria

A beleza do seu interior

A Igreja Matriz de Óbidos situa-se no largo dos Antigos Paços do Concelho. Esta foi construída sobre uma mesquita, no tempo de D. Afonso Henriques, mas a sua forma actual foi ordenada por D. Leonor, em 1485. Destacam-se as decorações do seu interior, nomeadamente os azulejos pintados no tecto que são dos séc. XVII e XVIII.

Igreja de São João Baptista


É uma das igrejas mais antigas da época medieval na vila de Óbidos, mandada construir pela Rainha Santa Isabel em 1309. Foi recuperada para museu, exibindo e promovendo exposições temporárias

Igreja de S. Tiago


Foi construída por ordem do rei D. Sancho I, em 1186, tendo passado a mesquita islâmica que servia para a assistência espiritual aos Alcaides e tem sido a sede de paróquia desde o séc. XII.

Igreja de S. Pedro

Templo de origem medieval onde a pintora Josefa D’Óbidos se encontra sepultada. Embora tenha sido arruinado pelo terramoto de 1755 foi novamente reconstruída.


Ermida de Nossa Sra. Monserrate


Construída na segunda metade do séc. XVI, no lugar da primitiva capela do Espírito Santo, esta igreja possui um importante recheio artístico, destacando-se o portal e a tribuna (ambos de 1596), o painel da capela com pinturas de André Ruinoso (de 1628), o revestimento azular e a Virgem com o menino em cerâmica (ambos de cerca de 1630).


Aqueduto em Óbidos


O aqueduto de Óbidos, mandado construir pela rainha D. Catarina no séc. XVI, situa-se no sul da vila e tem uma extensão de três km.

Pelourinho de Óbidos

O pelourinho de Óbidos simboliza o poder e a autonomia do município, tendo sido construído após a aprovação do foral de 20 de Agosto de 1513.


Cruzeiro da Misericórdia



Este cruzeiro localiza-se no Largo da Misericórdia e está assente num patim com um degrau, que forma uma base de forma quadrangular.

Chafariz da Biquinha



Fonte que já existe desde a conquista de Óbidos aos Mouros, considerada desde então como a mais importante e antiga fonte da vila.


Chafariz do Poço

O Chafariz do Poço foi mandado construir por D. Maria I, em 1792, no local onde a tradição diz ter existido um poço ou cisterna árabe.

Sinagoga

Esta muralha urbana da vila de Óbidos deu origem à abertura da rua direita.

Rua Direita de Óbidos


Ao passar na rua direita, os transeuntes deixam-se levar pelo que de mais atraente existe na vila: muralhas tortuosas e estreitas, ruas Medievais, janelas estilo Manuelino, escadas, toscas rampas íngremes, portas muito antigas, lindas fachadas, telhados irregulares, chaminés de vários tipos. É de destacar as floreiras com diversas cores, que dão uma tonalidade vermelha e lilás, contrastando com o branco das casas, as faixas azuis e amarelas, dando a sensação de natureza, pois enriquecem a beleza da vila de Óbidos.

Casa do Arco da Cadeia


A casa do Arco da Cadeia serviu como paços do concelho durante grande parte da Idade Média, edifício que se presume remontar ao início do séc. XIV.
Em 2002, foi doada à Câmara Municipal para ser o núcleo do Museu de Abílio de Matos e Silva.

Loja de Artesanato da Rua Direita

A maior parte das lojas de artesanato encontra-se na rua direita onde podemos observar todo o tipo de artesanato e também os estilos Manuelinos de cada porta, varanda e janelas.


Casa da Misericórdia de Óbidos e Sala do Despacho


Casa da Misericórdia, construída no séc. XVIII onde funcionou durante muitos anos o Lar da Misericórdia.


Santuário do Sr. Jesus da Pedra

A sua designação provém de uma antiquíssima cruz de pedra com a imagem de Cristo que se pode admirar na igreja.
Este santuário localiza-se fora da vila em que destacamos as datas: construção de 1747, conclusão da abóbada do lado norte em 1751 e celebrações dos 250 anos do Santuário em 1997.

Posto de turismo de Óbidos
O posto de turismo de Óbidos encontra-se junto ao parque de estacionamento principal, a cerca de 200 metros da entrada.
Serviços prestados:
· Informações turísticas diversas;
· Venda de bilhetes para os vários eventos;
· Venda de cartão via verde para a cultura;
· Marcação de visitas guiadas.
Contactos: 262959231
Fax: 262955224


Brasão de Óbidos




Bandeira de Óbidos


Artesanato

Os bordados de Óbidos: Uma arte com meio século de
Existência.




Os bordados de Óbidos normalmente têm a palavra Óbidos ou contêm o castelo, utilizando alguns tons obrigatórios (azul, salmão, verde, amarelo e castanho).
Foram criados em meados do século passado por uma obidense. Estes bordados são feitos em ponto pé de galo, para o seu preenchimento é usado o ponto de pé de flor, para contornar sobre linho ou meio linho e estopa e a franja, que é feita no tear manual ou com bainha presa com as mesmas pontas que empregam no trabalho.
Actualmente, a Associação Artística e Artesanal ” Bordar Óbidos” está na Rua direita ,junto ao Largo de Santa Maria e vale a pena serem visitadas.


Os bordados têm um certificado depois de as bordadeiras reunirem no mínimo 15 bordados que entregam na Câmara, onde são avaliados por três especialistas, sendo depois autenticados com o selo. Só assim podem ser comercializados, dando garantia aos compradores/visitantes sobre a sua autenticidade.
Neste local encontram-se os mais variados trabalhos desde panos para: tabuleiros, quadros, naperon, sacos de cheiros, apliques em caixinhas e abat-jour.


Artesanato – Pintura de Josefa d’Óbidos

Nascida em Sevilha, em 1630, veio para Portugal de onde era originário o seu pai,o pintor Baltazar Gomes Figueira. Pode-se encontrar uma das suas lindas pinturas no tecto da igreja de Santa Maria.


As paredes do edifício estão ainda ornamentadas com tapeçaria de Óbidos, também inspiradas neste bordado.


Artesanato - Verguinha
Em Óbidos é referência a louça local, chamada "verga cerâmica" ou "verguinha”.
Este tipo de cerâmica poderá ter antecedentes na obra de Josepha d´Óbidos pintora do século XVII que teve na localidade uma oficina de cerâmica que também se dedica à pintura de telhas. São peças de barro, ardósia e gesso.
Na vila museu, são ainda de apreciar as miniaturas em cerâmica trabalhadas por artesãos, que se dedicam à produção de miniaturas de barcos e de moinhos de vento feitos em gesso.


Artesanato Miniaturas em Barro Pintado


Artesanato: olaria, cerâmica, verguinha em cerâmica, trabalhos em vime, miniaturas de moinhos de vento, latoaria pintada, trabalhos em teares manuais e bordados de Óbidos.


Gastronomia


Pratos típicos de Óbidos

Bife na telha com açorda



Pratos típicos: caldeirada de peixe da Lagoa de Óbidos, enguias fritas e de ensopado.
Doces: trouxas-de-ovos e lampreias das Gaeiras, alcaides, pegadas e pastéis de Moura.
Fruta: Maçãs e laranjas. A pêra rocha como a mais qualificada fruta da Região Oeste atinge grande expressão na Região alta da Usseira, simultaneamente o maior centro de frio do país.
Vinhos e licores: Graças ao seu reconhecido microclima, a região demarcada de Óbidos produz óptimos vinhos, dos quais se destacam os conhecidos vinhos de Gaeiras, assim como a ginja, cujo licor se celebrizou como a bebida mais típica e tradicional de Óbidos.
Podemos encontrar todos estes pratos deliciosos, como sobremesas a pêra bêbeda e o belo licor de ginja no restaurante no andar térreo da estalagem “Josefa d´Óbidos numa linda sala, luz artificial, iluminação discreta revestida de madeira a parede e o chão


Amêijoas ao Natural
Devem lavar-se muito bem para lhes retirar o máximo possível de areia que as envolve. Podem ficar de molho um certo tempo, mudando-se várias águas a fim de tirar as areias interiores.
Deitam-se numa caçarola com manteiga. Logo que estejam refogadas temperam-se com sal, pimenta, alho e muito limão, regam-se com vinho branco e deixa-se cozer meia hora em fogo lento, com a caçarola bem tapada e mexendo-se de vez em quando. Servem-se com salsa picada e o molho da cozedura.


Ensopado de Enguias

Amanham-se as enguias e lavam-se muito bem cortando-se depois às postas. Faz-se um refogado com cebola, alho, colorau, tomate maduro, sal, pimenta, vinagre, salsa e deixa-se a apurar até ficar um molho grosso. De seguida, deita-se um pouco de água, para diluir o molho, bem como um ramo de cheiros contendo coentros e hortelã. No tacho metem-se então as enguias já cortadas e continua em lume brando. Quando as enguias estiverem cozidas, ensopa-se o pão torrado no molho, coloca-se numa travessa com as enguias por cima e polvilha-se com salada de coentros, salsa e hortelã aos bocadinhos. Serve-se com vinho branco fresco.

Doces tradicionais de Óbidos

500g Farinha
200gde açúcar
150gde manteiga
4 Ovos +1 gema de ovo
4 Colheres de chá de fermento em pó
Preparação
Ferve-se a canela e a erva-doce em ½ litro de água, filtra-se e deixa-se amornar. Junta-se o açúcar, a farinha e o resto dos ingredientes à margarina derretida e à água fervida, e amassa-se durante 30 minutos. Deixa-se descansar a massa cerca de 8 horas. Moldam-se as ferraduras e vão a cozer em forno bem quente.


Ferraduras


Ginja Óbidos



Este afamado licor de ginja, produzido artesanalmente através de prolongadas infusões nunca inferiores a um ano, é totalmente isento de quaisquer corantes e aromatizantes.

A Frutóbidos, empresa sediada na Amoreira, concelho de Óbidos, é pioneira no fabrico artesanal do tradicional Licor Ginja de Óbidos.
Todos os anos é promovida a tradicional festa do Licor Ginja de Óbidos, organizada pela empresa.no Restaurante Escola de Óbidos, no Solar da Praça de Santa Maria, em Óbidos.


Lenda da porta da traição

Noite escura, sem luar a iluminar os campos. Cheiro a terra molhada da chuva que havia caído, impertinente, toda a tarde. Vento assobiando, como ave agoirenta a profetizar tragédias. Mas só ele gritava a sua fúria nessa noite sem lua, pois tudo o mais era silêncio.
No acampamento de cristãos, os homens tinham recolhido às suas tendas. Apenas a guarda ficara alerta, atenta ao menor ruído, que as árvores, quase nuas, pudessem transmitir no seu lamento de invernia.
Na tenda real, sem riquezas de assombro mas em destaque sobre as outras, D. Afonso Henriques meditava. A seu lado, Gonçalo Mendes da Maia, quase estático, não se atrevia a perturbar o rei, embora pensasse que era tempo de recolher. Precisavam ambos descansar. Algumas horas de sono reparador ser-lhes-iam benéficas, como retempero de forças. Todavia, o rei parecia não querer dormir, nem ficar só. Duas ou três vezes olhara para Gonçalo, como se fosse a dirigir-lhe a palavra. Mas logo desviara o olhar, embrenhando-se de novo em absorventes pensamentos. De súbito, porém, olhou com energia o seu homem de confiança. E desabafou:
-Estou cansado desta espera! O cerco ao castelo foi iniciado em Novembro do ano passado e já estamos no fim do dia 10 de Janeiro!
Gonçalo Mendes respirou, por se ver livre desse forçado silêncio.
-Bem sabeis, Senhor, que os mouros têm oposto grande resistência. E segundo me consta, a despensa deles ainda está bem fornecida… Não os faremos render, nem pela fome, nem pela sede!
D. Afonso cerrou os punhos.
-Dois meses! Dois meses quase perdidos!
D. Gonçalo decidiu-se a encorajar o seu rei.
-Senhor! Na minha humilde opinião deveríamos atacar em massa, sem mais delongas!
O rei português elevou os seus ombros largos e concordou.
-É isso mesmo, Gonçalo Mendes! Teremos de atacar com toda a força e quando menos esperarem! Amanhã mesmo poremos o exército em acção e na madrugada seguinte cairemos sobre o castelo, numa luta sem tréguas! Agora, que temos Lisboa e Santarém, não podemos perder Óbidos!
-É precisamente essa a minha opinião, senhor. Há muito que os nossos homens para aqui andam sem grandes lutas e essa inacção perturba-os.
-Pois breve terão muito que fazer! Estou decidido, Gonçalo! Pensai no que vos disse e recolhei à vossa tenda. Preciso descansar agora, porque amanhã o dia será movimentado. Chamai-me logo que o sol rompa!
Com uma reverência, Gonçalo Mendes disse apenas:
-Ficai descansado, senhor.
Depois, sem mais acrescentar, retirou-se para a tenda situada ao lado da do monarca português. Nos campos, a escuridão continuava escuridão, e o vento, sempre vento, passava sem cansaço, num bailado infernal…
Naquela noite em que só o vento uivava, em que só ele era vida na treva que invadia a Terra, o sono fechou os olhos ao fidalgo português Gonçalo Mendes da Maia. Um sono forte, profundo, que só se dá ao necessitado de descansar. E o tempo, girando com o vento, mas sem queixumes nem risos, caminhou sereno, no seu passo cadenciado de quem não tem pressa de chegar - por saber de antemão que chega sempre na hora exacta. De súbito, por entre a bruma do seu consciente ainda mal acordado, uma voz sobressaltou o fidalgo português. Uma voz que soava perto dele e se repetia na escuridão.
Ergueu-se o Lidador levando a mão à espada e perguntou:
-Quem está aí?
Ouviu de novo a voz, entre medrosa e decidida:
-Perdoai, senhor, se vos acordei… mas preciso falar-vos!
-Tendes voz de mulher ou estou a sonhar?
-Acendei um archote, mas com cuidado…Sou mulher e venho desarmada.
-Pois ficai onde estais. Esperai um pouco.
Acendeu rapidamente um archote e viu um rosto moreno, de olhos azuis, que o fitavam amedrontados.
-Como vedes, não poderei molestar-vos!
-Que fazeis aqui?
-Venho por bem!
-Donde vindes? Quem sois? Como vos deixaram passar? Vamos, respondei depressa!
A jovem sorriu e descobriu mais o rosto até aí quase oculto, tão enrolada estava num manto todo negro. Respondeu, agora mais à vontade:
-Senhor, fazeis tantas perguntas que nem sei por onde começar.
-Dizei primeiro como chegastes aqui!
-Atravessei o campo sem luz e aproveitando o temporal.
-E donde vindes?
-Do castelo.
Surpreendeu-se o Lidador:
-Do castelo? Então sois moura…
-Não o sei bem. Dizem uns que sim… outros que não. De qualquer forma, desde que me conheço vivo com eles, pois nunca vi os meus pais.
O fidalgo olhou-a, desconfiado.
-Podeis ser uma enviada dos mouros … Lembro – vos que estou alerta e não hesitarei numa medida extrema! Que desejais?
-Falar convosco e com o vosso rei.
-Agora?
-Assim é necessário.
-Vindes pedir tréguas?
- Eles não sabem que estou aqui.
Gonçalo Mendes enervou-se.
-Mentis! Como conseguiríeis sair do castelo sem a sua conivência?
-E como consegui entrar nesta tenda sem a vossa ajuda?...
O Lidador mordeu os lábios.
-Acreditai que esse facto preocupa-me. Verifico que a nossa vigilância não é tão segura como a imaginava. Terei mais cautela, de futuro.
E, num sobressalto:
-Esperai! Acaso estareis a entreter-me enquanto um dos vossos entrou na tenda d’el-rei Afonso?...
A jovem abanou a cabeça.
- Acalmai-vos! Se assim fosse, não vos teria acordado. Dormíeis profundamente.
Gonçalo Mendes aquiesceu.
-Tendes razão. Dizei então o que quereis.
-Que me leveis à presença do vosso rei.
-Já?
-O tempo urge para mim e para vós!
-E não quereis dizer-me qual a comunicação que tendes a fazer ao meu rei?
-Ouvi-la-eis quando estivermos juntos. Asseguro-vos que o tempo urge!
Gonçalo Mendes olhou a jovem à luz plena do archote. Viu os seus olhos claros, de uma limpidez sem mácula. Viu o seu rosto sereno como o de quem não teme. Decidiu-se.
-Pois vem comigo! O que vou fazer é contra todas as regras. Ai de ti, se pretendes enganar-me! Não sabes bem quem eu sou, nem de que sou capaz!
A jovem não baixou o olhar:
-Deveis, na guerra, valer tanto como o vosso rei!
Gonçalo Mendes olhou a sua espada, e mostrou-a à jovem.
-Olha bem para ela! Só bebe sangue de sarracenos! E é insaciável, acredita!
E decidido:
-Vamos!
Ela assustou-se, vendo Gonçalo Mendes sair afoitamente com o archote na mão.
-Cuidado com a luz! Ocultai-a sob esta capa! Não quero ser vista. Terei de seguir à risca as instruções.
-Ah! Então confessais que vindes do mando de alguém! Quem vos mandou aqui?
-Não sei!
- Não sabeis? Tereis de o dizer ou matar-vos-ei!
Mostrou certo medo, a expressão da jovem desconhecida.
-Ele… ele disse que me salvaria se cumprisse sem falhas a missão de que me incumbiu!
-Ele… Mas quem é ele? Mouro? Cristão?
-Já vos disse que não sei! Mas não deve ser mouro.
-Porquê?
-Não sei bem… Talvez pelo que ele me disse.
-E que vos disse ele?
-Quero repeti-lo na presença do vosso rei.
Gonçalo Mendes abanou a cabeça.
-Que estranha criatura! Vamos, entrai! Vou acordar o meu rei e senhor mas a vossa vida responderá pela dele!
.
Mal refeito ainda da surpresa de ver na sua frente Gonçalo e uma jovem
desconhecida que pretendia falar-lhe, D. Afonso Henriques perguntou, meio desconfiado:
-Que me quereis então?
A jovem foi breve.
-Desejo comunicar-vos o que ele me disse
Surpreendeu-se ainda mais D. Afonso Henriques.
-Ele? Mas… ele, quem?
Ela parecia sincera.
- Nunca o vi . Nem ouvi o seu nome… Esqueci-me de lho perguntar!
O rei português mostrou-se severo.
-Se não o viste como acabastes de afirmar, como havíeis de perguntar-lhe o nome?
A jovem não deu mostras de receio.
-Bem… Vi… e não vi!...
Gonçalo Mendes interrompeu-a.
-Explicai-vos melhor e depressa, antes que vos entregue aos meus soldados!
Desta vez o rosto da jovem exprimiu terror.
-Não! Não denuncieis a minha presença! Vou explicar tudo. Há três noites seguidas que em sonhos me aparece um homem com umas barbas castanhas, ainda novo, olhar e voz doces, envolto num manto branco. Chama pelo meu nome e diz-me sempre o mesmo.
D. Afonso Henriques mostrou-se subitamente interessado.
-E que vos disse ele?
- Deixa o teu leito e vai, encoberta pela noite, ao acampamento dos meus homens…
Gonçalo Mendes interrompeu-a.
-Ele disse… «dos meus homens»?
A jovem concretizou:
-Sim. Estou a reproduzir exactamente o que me foi dito.
D. Afonso Henriques ordenou ao Lidador:
-Deixai-a falar sem interrupções! Então ele ordenou que viésseis ao acampamento dos seus homens…
-Sim. E acrescentou: Eles estão para lá das muralhas. Procura primeiro a tenda que fica ao lado direito da do rei Afonso. A do rei é a maior e tem uma cruz. Acorda o cavaleiro que lá dorme e diz-lhe que te leve à presença do rei.
Depois, dirás ao rei Afonso que reúna os soldados e os industrie para um ataque de surpresa na parte fronteiriça do castelo, logo que a manhã chegue entretanto, Gonçalo Mendes irá com dez homens pela parte oposta…

Sem se conter, Gonçalo Mendes voltou a interromper a jovem.
-Como sabe esse desconhecido o meu nome?
D. Afonso sorriu.
-Acalmai-vos, Gonçalo Mendes! Também sabe o meu e não me afligi! Pelo contrário. Lembrai-vos que esta jovem não nos conhece e repete o que lhe disseram em sonhos.
Gonçalo respirou fundo, antes de murmurar quase para consigo próprio:
-Que estranho é tudo isto!
O sorriso de D. Afonso Henriques alongou-se mais.
-Sim, é estranho para vós. Para mim, não se me oferece tão confuso…
E numa voz mais enérgica:
-Continuai, donzela, a vossa narração, já pela segunda vez interrompida Comunicai-me o que mais vos disse o homem novo, de olhar e voz serenos.
.
Mais à vontade, a jovem prosseguiu:
-Sorrindo-me, num doce sorriso, ele recomendou-me: Cumpre sem hesitações o que te ordeno. Voltarás para o castelo e ficarás, encoberta, nessa porta oposta à direcção do combate, para onde todos os mouros irão correr fazendo frente às tropas do rei Afonso. Então, esperarás os homens de Gonçalo, os quais entrarão pela porta que tu irás abrir. Se tudo correr como te ordeno que faças, Óbidos será dos cristãos e tu serás salva!
Silenciou a jovem. D. Afonso Henriques perguntou então:
-É tudo quanto te disseram?
Ela afirmou:
-Sim. Mas há três noites seguidas que isto me acontece!
-Porque não te resolveste logo a vir aqui?
-Porque tive medo!
-E porque vieste hoje?
-Ele insistiu e sorriu-me com tanta bondade, que eu ganhei confiança e saí.
Descrente, Gonçalo Mendes abanou a cabeça.
-Senhor! Isto não passa de uma emboscada!
Teve um sorriso enigmático o rei;de Portugal. Depois, lentamente, como quem olha o passado na hora presente, sentenciou:
-Gonçalo Mendes! Sois um homem sem fé? Depois de Ourique não me atrevo a duvida; Tudo pode acontecer!
Gonçalo não queria contrariar o seu rei: mas o caso era para ele tão problemático, que lhe deu ânimo para fazer nova pergunta:
-E esse homem, senhor, esse estranho homem que se diz dos nossos, aparece em sonhos a uma mulher que vive com o nosso inimigo, fala em nossos nomes e obriga-a a vir ter connosco?...Não achais duvidoso? Quem será ele?
-Não calculais, D. Gonçalo? Só um Homem pode ser. Alguém mais do que nós…
Surpreendido, D. Gonçalo perguntou:
- Mais do que vós? ... só Deus!
Sorriu D. Afonso e, sem mais acrescentar, voltou-se para a jovem:
-Vai, donzela, para o teu posto! Quando a manhã surgir, lá encontrarás Gonçalo Mendes e os seus dez homens de confiança!
E conta a velha lenda que tudo aconteceu como havia sido dito na tenda do rei Afonso! Mal a luz da madrugada veio roubar à treva o contorno do monte e do castelo, as tropas do rei de Portugal, reunidas em massa pelo lado mais acessível, prepararam-se para atacar, chamando assim para esse local toda a atenção do inimigo. Entretanto, Gonçalo Mendes da Maia e os seus homens encetaram a subida difícil ao castelo, no ponto de mais perigoso acesso, ocultando-se por entre as ginjeiras. O vento amainara sobre a manhã.
A chuva também não ameaçava cair. Apenas o frio continuava, mas os homens de el-rei Afonso nem davam por ele, tão renhida era a luta.
Quando o Lidador; depois de uma escalada difícil, chegou ao cimo do monte, junto ao castelo encontrou a porta indicada, guardada apenas por dois soldados mouros, que pareciam adormecidos. Não viu mais a donzela misteriosa que descera ao acampamento cristão. Mas também nem teve tempo para pesar o facto. Passando para dentro das muralhas, depressa se gerou a confusão entre os defensores do castelo de Óbidos, os quais abrandaram na defesa por onde D. Afonso atacava, na ânsia de inutilizar o esforço de Gonçalo Mendes. E esse abrandamento na resistência do lado mais atacado produziu o rápido acesso de D. Afonso Henriques e a sua completa vitória.
Alvoroçados com esse desfecho inesperado, os mouros gritavam uns para os outros, mostrando uma das portas do castelo de Óbidos:
-Foi por ali que eles entraram! Foi por aquela porta! Houve traição!
E esse grito, que o vento frio de Janeiro levou de monte em monte, ficou, segundo a lenda, a dar nome à porta que franqueara a entrada dos cristãos. Porta da Traição, assim ficou chamada! Porta donde se descortinam as escarpas do monte, vencidas pela audácia de Gonçalo Mendes, e o vale do Arnoia, majestoso e belo, doirado pelo sol, quando o inverno se vai para outras terras distantes…

Veio invadir a vila de Óbidos e dar as boas vindas.
Para um mundo de sonho e fantasia, simboliza a entrada num palácio onde a brincadeira com figuras principais é representado pelas crianças.

Vila Natal

É uma quadra lindíssima, que atrai muitas famílias não só pelo espírito natalício, mas também pelos cenários originais e muitíssimo bem decorados, com histórias Natalícias.
O Quebra-nozes, motivo de 2008, é uma peça de ballet clássico extraída do conto intitulado “Quebra-nozes e o Rei dos Ratos” e que conta a história de uma menina que, na noite de Natal, recebe do seu padrinho, brinquedos animados, um quebra-nozes em figura de soldado, com o qual sonha entrar em lutas e batalhas com personagens excêntricas, aventuras por reinos encantados, com o aspecto do fantástico e do tradicional sempre presente.




Com o Feriado Municipal, a 11 de Janeiro, celebra-se, durante todo o mês de Janeiro, uma mostra de artistas em consequência da comemoração do Feriado.

Festa de Santo Antão



A tradicional Festa do Santo Antão de Óbidos, romaria de grande importância, ocorre numa região onde a agropecuária assume um papel importante.
No caso de doença, ou de desejo de uma boa ninhada, não há nada como fazer uma promessa a Santo Antão para que tudo corra bem, mas se houver problema com outro animal, não faz mal, nem é de hesitar, Santo Antão protege-nos, sendo esta a crença que assenta nestas cerimónias.
Estas promessas são pagas na casa de esmola ou na sacristia, recebendo em troca uma vela enrolada numa fita de nastro cor-de-rosa previamente benzida. Quem não pode ir pagar a promessa, pede a alguém que o faça por si. A entrega da vela e da fita provam que a promessa foi paga. O costume de pagar as promessas em géneros têm-se vindo a perder ao longo dos anos.
Também no local, vendedores de pinhões, laranjas, chouriços, cavacas e outros produtos tradicionais dão origem a uma feira. Os romeiros fazem fogueiras onde assam os chouriços que são depois acompanhados por bom vinho, festa que se prolonga até ao por do sol.


“Serração da Velha”

O Grupo de Teatro “Fracos mas teimosos” costuma fazer a “Serração da Velha”, que consiste num antigo costume carnavalesco e que significa o enterro do Inverno e início da Primavera.
Tradição popular que ocorre na quarta-feira da terceira semana da Quaresma.

Festival Internacional do Chocolate



Este ano realizar-se-á de 05 a 15 de Março de 2009 e já vai na VII edição, cujo tema a ser apresentado é histórias de amor.
Este evento, nascido no ano de 2000, pretende mostrar aquilo que de melhor se faz em Portugal na área da chocolataria.

Todos os anos cerca de 200 mil pessoas visitam o certame, que tem vindo a subir em termos de qualidade e de oferta. mais espaço, com actividades diversas, esculturas em chocolate com variados tipos de construção e de formas.


Semana santa em Óbidos


Óbidos continua a ser um palco privilegiado de acontecimentos, onde a história religiosa ainda está muito enraizada. Evocando a paixão e a morte de Cristo, a semana Santa atrai milhares de turistas, tanto portugueses como estrangeiros, unidos pelas celebrações religiosas.
Na Semana Santa ocorre o Festival da Música Antiga, bem como inúmeros concertos e exposições.


Maio, mês do Barroco

Existe muita animação durante todo o mês, em que vários músicos portugueses e estrangeiros vêm presentear Óbidos com as suas melhores músicas.


Maio atrai centenas de visitantes portugueses e estrangeiros para ouvir os concertos que se realizam em Óbidos, vila que passou a ser famosa por todo o tipo de actividades ali realizadas e pela linda paisagem.


Festa de São João, em Óbidos

A SMRO Sociedade Musical Recreativa Obidense organiza, nos dias 23, 24 e 25 de Junho, a Festa de São João, em Óbidos.
No dia 23, no Largo da Porta da Vila, decorre o certame, e a festa tem início às 18 horas com a abertura do arraial.


Junho é o mês das artes


Muitas Exposições são feitas durante todo o mês.


Mercado Medieval

Acontecimento que atrai muitos turísticas à pitoresca vila histórica de Óbidos.



Festa de Verão Óbidos Maravilha de Portugal

Óbidos faz a Festa de celebração da eleição de Óbidos a uma das 7 Maravilhas de Portugal, durante o mês de Agosto, junto à Lagoa de Óbidos, atraindo muitos visitantes à vila.


Festival de opera

Sempre contando com a presença de vários famosos, como «madame Butterfly» entre outros .O Castelo de Óbidos volta a ser o maior cenário da maioria dos espectáculos de ópera Nossa Senhora da Piedade

Óbidos recupera procissão que não sai há 200 anos


No seguimento do estudo e valorização do Património Tradicional de Óbidos, a Associação de Defesa do Património do Concelho de Óbidos propôs às paróquias de Santa Maria e de S. Pedro a recuperação da secular procissão de N. S. da Piedade, à semelhança do que aconteceu há cerca de 17 anos com a Procissão Penitencial de S. Francisco, hoje um dos momentos mais altos do património turístico e religioso de Óbidos.


Padroeira da Vila de Óbidos

Procissão de Nossa Senhora da Piedade que se realiza no final de Outubro.
Óbidos, vive grandes momentos de Fé e de Cultura com a realização da Procissão de Nossa Senhora da Piedade.
A Padroeira de Óbidos costuma ser presenteada com música e poesia durante o cortejo, que desfila pelas principais ruas e praças da vila.
Esta devoção tradicional pretende enraizar profundamente no coração dos fiéis a importância da religiosidade e do cristianismo.


Festa em honra de Santa Ana

Realiza-se, em Setembro, na localidade do Pinhal, Óbidos, a tradicional Batatada com bacalhau, integrada na festa em honra de Santa Ana.



Hotéis e Pousadas


CASA DE CAMPO SÃO RAFAEL
Morada: Estrada Nacional nº 8, 2510 - 066 Óbidos
Tel. 262 950 582 Fax: 262 950 583
Website: http://www.casasaorafael.com/
E-mail: info@casasaorafael.com


Casa Do Relógio
Rua Da Graça - Óbidos, 2510 - 999 Óbidos
Situado no centro histórico da vila de Óbidos, num lindo e restaurado edifício que data do século XVIII, esta linda casa de hóspedes oferece aos seus clientes uma boa relação qualidade / preço.


Mansão da torre
Localizado próximo da vila de Óbidos, onde a tradição e inovação andam de mãos dadas, este hotel oferece os confortos caseiros combinados com modernas instalações.
Estrada Nacional 8, Nº19, 2510-216 Óbidos


Quinta São José, 2510-135 Óbidos
Situado a um quilómetro de Óbidos, numa mansão restaurada do século XIX, esta tradicional casa de hóspedes recebe os clientes que procurem experimentar a genuína hospitalidade portuguesa.


Percurso Turístico Passeios de Charrete



Além de poder realizar os passeios pedestres também passeios de charrete para melhor usufruir a beleza desta região. Propõe-se a tranquilidade e o romantismo dos grandes passeios de charrete, tem que Óbidos dispor dos visitantes.
A seis percursos que certamente tornarão a sua estadia mais agradável. Os passeios são junto ao aqueduto conhecer a aldeia, o pinhal visitar o interior da vila incluindo a igreja de santa Maria, o santuário do Sr. da Pedra, a vila Romana de EBUROBRITTIUN ou circular extremamente todas as muralhas da Vila usufruindo da sua bela paisagem e do contacto com a natureza.

Os passeios de bicicleta


É uma nova atracção turística e são cerca de 8 km que se fazem em 40 minutos; onde se atravessa a rua direita, subindo pela muralha a norte da vila, descendo de seguida a encosta até encontrar o rio Arnóia, Nas margens do rio sobressai o amarelo dos Saramagos e o vermelho das papoilas, os pomares de macieiras e pereiras um eucaliptal com muita sombra que permite refrescar dos quilómetros já percorridos.

Percurso pedestre “Patos-reais”


Este é mais um percurso que foi inaugurado no Dia Nacional Água, o percurso dos “patos-reais “realiza-se numa das zonas mais belas da Lagoa de Óbidos

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Alcobaça


Como chegar



Alcobaça


“Alcobaça conhecida também por terra de paixão”

Sede de concelho, Alcobaça pertence ao distrito de Leiria e fica situada entre a Serra dos Candeeiros e a costa atlântica, a 42 metros de altitude e rodeada pelos rios Alcoa e Baça. Situa-se na zona centro e sub-região Oeste de Portugal. O concelho de Alcobaça, com uma área de 417,05 km2, tem uma população a rondar os 56 mil habitantes. O concelho de Alcobaça conta com 18 freguesias: Alcobaça, Alfeizerão, Alpedriz, Bárrio, Benedita, Cela, Cós, Évora de Alcobaça, Maiorga, Martingança, Montes, Pataias, Prazeres de Aljubarrota, São Martinho, São Vicente de Aljubarrota, Turquel, Vestiaria e Vimeiro.
O concelho de Alcobaça é rodeado pelos municípios de Caldas da Rainha, Rio Maior, Nazaré, Marinha Grande e Leiria. Este município fica sensivelmente a 109 km da capital, Lisboa. Os principais acessos rodoviários são a auto-estrada A8, o Itinerário Complementar IC2 e a Estrada Nacional EN8.
O feriado deste concelho é celebrado a 20 de Agosto.

Jardim do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça antes de sofrer as alterações.

Um Pouco da História

Alcobaça cresceu em redor de um castelo árabe e depois de um Mosteiro Cristão, o ”Mosteiro Santa Maria de Alcobaça,”que é considerado pela UNESCO património mundial, bem como os arcos de Cister, pelourinhos e as igrejas da Nossa Senhora da Conceição e da Misericórdia.
O nome de Alcobaça deriva de 2 rios que aí se encontram, um com o nome de Alcoa e o outro de Baça, a junção dos dois deu origem a Alcobaça.
Mosteiro de Alcobaça
Foi fundada em 1178 pela Ordem de Cister para cumprir o voto feito pelo 1º Rei do País, D. Afonso Henriques, aquando da conquista de Santarém aos mouros. O Mosteiro foi terminado em 1223. Mais tarde houve outros reis que continuaram a embelezá-lo.
É considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete Maravilhas de Portugal. Neste mosteiro, encontram-se os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro.
Foi reconstruído diversas vezes e em vários estilos, desde o gótico ao manuelino.
É um dos mais belos monumentos do mundo.
Descrição Geral Planta do Mosteiro

1. Igreja;
2. Sacristia medieval;
3. Sala do Capítulo;
4. Parlatório;
5. Escada de acesso ao dormitório;
6. Sala dos Monges;
7. Igreja nova;
8. Refeitório;
9. Lavabo;
10. Clausto de D. Dinis;
11. Claustro de D. Afonso VI;
12. Sala das Conclusões;
13. Sala dos Reis;
14. Ala sul;
15. Panteão Real;
16. Capela Senhor Passos;
17. Sacristia;
18. Capela Senhora do Desterro;
19. Claustro da Levada;
20. Claustro do Rachadoiro;
21. Biblioteca


Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça


Túmulo de D.Inês de Castro



Túmulo de D.Pedro



Sala do Capítulo
Refeitório

Praias


O concelho de Alcobaça tem cerca de 20 km de costa muito diversificada.
Percorrendo a costa, de norte para sul, encontramos as seguintes praias: Água de Madeiros, Falca, Pedra do Ouro, Polvoeira, Paredes de Vitória, Vale Furado, Légua, Gralha e São Martinho do Porto.


Igreja da Misericórdia de Alcobaça


Igreja da Misericórdia

Esta Igreja foi mandada erigir pelo Rei D. Manuel I no local onde existiu a ermida de S. Vicente.
Em 1653 um violento tremor de terra assolou Alcobaça e derrubou-a por completo, sendo posteriormente reconstruída a expensas do Mosteiro.


Igreja de Nossa Senhora da Conceição
A sua construção iniciou-se no ano de 1648, local onde existiu a Igreja de Santa Maria a Velha, a primeira igreja paroquial de Alcobaça.
Nesta última igreja residiram os primeiros cistercienses antes da construção do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
Segundo a tradição, D. Sancho I viveu os últimos anos em Santa Maria a Velha e ali morreu.


Ruínas do Castelo de Alcobaça



FREGUESIA: Alcobaça

LOCALIZAÇÃO: Alcobaça Ruínas do Castelo

DESCRIÇÃO: Pouco resta desta antiga fortaleza que hoje em dia é, sobretudo, um magnífico miradouro sobre o Mosteiro e a vila de Alcobaça.
Pode ver as muralhas da primeira cerca, em forma de cubos e os arranques de um torreão e de uma torre saliente onde se guardavam os dinheiros do Estado.
1147 - Castelo reedificado por D. Afonso Henriques sobre as ruínas de uma fortaleza anterior.
Pensa-se que este castelo será de origem árabe, embora haja quem afirme ser visigótico.


Edifício da Câmara de Alcobaça



Este palacete foi mandado construir em 1890 por Francisco Oriol Pena. Os proprietários, enriquecidos no Brasil, trouxeram um modelo de lá importado. A inclinação das águas dos telhados denuncia essa influência. Foi adquirido pela câmara e aí se tratam assuntos relacionados com o Município.


Palacete das Freiras


Edifício doado na década de 70 por Maria Cristina Rino à consagração religiosa de S. José.
Actualmente foi adaptado para Centro de bem estar infantil.


Museus

Museu do Vidro
“Atlantis”- Crisal, Cristais de Alcobaça S.A
Descubra o segredo dos famosos cristais de Alcobaça...
Morada: Casal da Areia Cós
2460-392 Alcobaça
Telefone: 262 540 248
Fax: 262 540 248
Observações:
Horário:
10h00 – 18h00
Encerra ao Domingo e à Segunda-feira



MUSEU DO VINHO
Morada: Rua de Leiria - Olival Fechado
2460-059 Alcobaça
Telefone: 262 582 222
Fax: 262 582 222
Descrição: Criado em 1968, está instalado numa antiga adega de 1875. Mostra uma colecção de 10500 peças, alfaias agrícolas, máquinas e objectos ligados à viticultura desde o século XVIII.

MUSEU AGRÍCOLA
Proprietário: Escola Profissional de Agricultura de Cister (EPACIS)
Morada: Estrada de Rio Maior
Apartado 211
2460 Alcobaça
Telefone: 262 596 844
Horário:
09h00 - 12h00 e 14h00 - 17h30 (dias úteis)
Descrição:
Possui uma vasta colecção de alfaias agrícolas do séc. XIX e imagens etnográficas da época


MUSEU RAÚL DA BERNARDA
Morada:
Ponte D. Elias
Apartado 39
2461-601 Alcobaça
Telefone: 262 590 600
Horário:
10h00 - 13h00 e 15h00 - 19h00 (dias úteis)
Descrição:
O Museu Raúl da Bernarda recolhe algumas das mais belas ou representativas peças da produção da “Raúl da Bernarda & Filhos, Lda”. Nele podemos admirar a faiança portuguesa do último século e também a faiança de Alcobaça.
Artesanato
Olaria e cerâmica típica de Alcobaça, que tem fundo branco e decoração azul e que reproduz antigas faianças portuguesas do séc. XVII. Os cristais de Alcobaça, os lenços de chita para a cabeça ou para os ombros, estes conhecidos por “alcobaças,” e os panos de chita de Alcobaça, para decorações e estofos de requinte, assim como as tapeçarias, as toalhas bordadas, as mantas de farrapos, as cestas de verga e as esteiras de Junco de Cós, muito procuradas por serem coloridas.


Louça de Alcobaça



Chitas de Alcobaça



Bonecas Vestidas com as chitas de Alcobaça



Personalidades:


Frei António Brandão (1584-1637), historiador

Frei Fortunato de São Boaventura (1777-1844), polígrafo

Manuel Vieira de Natividade (1860-1918), arqueólogo

João d’Oliva Monteiro (1903-1949), industrial, fundador da Crisal e do cine-teatro
Joaquim Vieira Natividade, engenheiro agrónomo e historiador local

Humberto Delgado (1906-1965), general e combatente contra o Salazarismo, viveu na Cela Velha

Tarcísio Trindade, o único presidente de câmara do tempo da ditadura que não foi eleito pelas listas da União Nacional; deposto após a Revolução dos Cravos

The Gift e Loto, grupos de música electrónica


Gastronomia


Gastronomia: frango na púcara, cherne à Frei João, delícias de Frei João, pudim de ovos dos Frades, biscoitos, grades, broinhas de Alcobaça, tachinhos à Dom Abade, frutas de Alcobaça (pêssegos, maçãs, pêros, alperces, morangos e laranjas) e ginja de Alcobaça.
Na Vila de Alfeizerão, o famoso Pão-de-Ló de Alfeizerão.
Em Aljubarrota os pastéis da Padeira e tortas de Aljubarrota.
Em Bárrio, as queijadas do Bárrio.


Sugestões:


Porco à Abade de Cister
Ingredientes:
1 kg de febras de porco, 2,5 dl de molho vilão, espargos cozidos, sal e pimenta.
Modo de Preparação:
Grelhe as febras, temperando-as com sal e pimenta. Prepare o molho vilão.
Sirva a carne guarnecida com os espargos cozidos e batata salteada (ou um arroz se preferir).
Regue com umas colheres de molho, servindo o resto em molheira.


Molho vilão:
Ingredientes:
2- Colheres de sopa de azeite
1-Colher de sopa vinho branco
1-Cebola pequena picadinha
Sal q.b.
Pimenta q b
Bate-se bem e regam-se as febras.


Frango na Púcara
Ingredientes:
Frango, presunto, cebola, tomate, vinho do Porto, aguardente velha, vinho branco, passas de uva, sal e pimenta.
Modo de Preparação:
Coloca-se o frango na púcara de barro juntamente com todos os ingredientes. Tapa-se a púcara e leva-se a forno quente.

Vitela do Abade
Ingredientes:

1 kg de peito de vitela, 400gr de espinafres, 50gr de castanhas, 2 ovos, 70gr de queijo ralado, ½ copo de leite, 40gr de manteiga, 2 colheres de azeite, folhas de louro q.b., pimenta, 1 copo de vinho branco.
Modo de Preparação:
Cozem-se as castanhas, descascam-se e cortam-se aos bocadinhos. Cozem-se também os espinafres e os ovos. Numa caçarola, põe-se a manteiga, os espinafres e as castanhas para saltearem, temperando o recheio com sal, pimenta, queijo ralado, leite e, por fim, o ovo cortado aos bocadinhos. Esta mistura deve ficar espessa mas ligada.
Tempere o peito da vitela com sal e pimenta, espalhe o recheio na parte interior e enrole. Ate com um fio deixando um intervalo de dois dedos entre cada volta.
Coloque o peito da vitela num tabuleiro, com azeite, manteiga, louro, e regue com vinho e leve ao forno. Deixe assar durante 45 minutos, regando a carne de vez em quando para não queimar. Sirva o peito da vitela cortado em fatias e regado com um pouco de molho.
Serve-se com arroz branco e uma salada verde, que são acompanhamentos ideais para este prato.


Doces Conventuais


Barrigas-de-Freira


Ingredientes: 6 gemas e 1 clara de ovo, 1 colher de manteiga, 300 gr de açúcar, 1 pão-de-leite, limão e canela.
Modo de preparação: Leve o açúcar ao lume com 2 dl de água e uma casca de limão até obter um ponto fraco. Junte o pãozinho de leite esfarelado (ou melhor, uma ou duas arrufadas) e envolva tudo bem. Retire do lume e junte a manteiga, as gemas e a clara de ovo batidas. Leve novamente a lume muito brando para cozer os ovos, mexendo sempre cuidadosamente para não os talhar. Deite em tacinhas individuais e polvilhe com canela. Se quiser, enfeite também com algumas granjeias coloridas.

Grandinhas de Alcobaça
Ingredientes:250 gr de açúcar, 4 ovos, 100 gr de manteiga, 1 colher de chá de fermento em pó, 1 limão, 1 colher de café de canela e 500 gr de farinha.
Modo de Preparação: Bate-se o açúcar com a farinha até ficar uma massa homogénea. Juntam-se os ovos um a um, batendo sempre, e mistura-se a farinha com o fermento, a canela e a casca do limão ralada. Envolve-se bem e forma-se a grade: unta-se um tabuleiro com manteiga e polvilha-se com farinha; à volta do tabuleiro põe-se um rolinho de massa a unir as pontas (divide-se o tabuleiro em 3 partes iguais); põem-se dois rolinhos de massa a dividir, formando-se nas 3 pontas umas grades que pegam umas nas outras. Vai ao forno. Quando se tirar o tabuleiro fica o feitio do tabuleiro numa peça só.

Ginja
Para acompanhar os doces conventuais, não se dispensa um copo de ginjinha de Alcobaça, que é uma delícia.




A agricultura


Já no tempo dos monges, este povo desenvolve uma acção colonizadora notável, colocando em prática inovações agrícolas, criando uma região agrícola que tem perdurado até aos nossos dias. Em Alcobaça, os principais produtos agrícolas são as frutas: maçã Casa Nova; pêra Rocha e o pêssego.



LENDA DE ALCOA E BAÇA



Este é o romance de dois enamorados: o Alcoa e a Baça. Enamorados iguais a muitos outros, nos sonhos, nos anseios, na luta, tantas vezes incerta, pela felicidade. Passou-se há inúmeros anos, dizem…Alcoa acabara de amanhar a pequena parcela de terra que lhe coubera em herança. O Sol, numa fraqueza de agonia, desaparecia na linha do horizonte. E o rapaz, braços fortes de quem trabalhava, rosto sadio, foi com pressa de um apaixonado até à pequena barraca onde vivia a jovem dos seus cuidados.
Ao vê-la, o seu rosto iluminou-se, como se aquele sombrio ocaso fosse a mais linda manhã de Maio. Ela correu para ele.
-Estava a contar o tempo…
O rapaz acariciou-lhe os cabelos.
-Meu amor! Se este ano tiver sorte, em breve estaremos casados!
A rapariga encostou a cabeça ao peito do noivo, murmurou enleada:
- Quem dera, meu querido, quem dera!..Tenho tanto medo do futuro!
Surpreendido, Alcoa obrigou-a a olhá-lo, levantando com uma das mãos o queixo bem recortado da sua noiva.
-Tens medo? E de quê?
-Sei lá…
-Não desvies o olhar…Tenho o direito de conhecer os teus receios. Não contas então com os meus braços fortes… com o meu espírito de lutador?
Ela receou tê-lo melindrado.
-Eu sei quanto vales! Sei quanto gostas de trabalhar… Mas…
-Mas o quê? Estou habituado a amanhar a terra…Conheço todos os segredos da natureza…
Ela sorriu-lhe.
-Eu sei. Mas…enquanto não me vir junto de ti, dentro da nossa casinha…compreendes…vivo cheia de temor pelo que nos possa acontecer.
-Que ideia a tua, meu amor! Porque te atormentas assim, sem necessidade?
-Tens razão. No entanto…já ontem pensei dizer-te isto mesmo, mas receei ofender-te…Trago um pressentimento triste e mau dentro do coração.
-Que hei-de dizer-te, Baça? Afasta esses pressentimentos! Ajude-me o tempo nas colheitas que estão para vir, e tu verás!...
Deram as mãos com calor. Juras eternas voltaram a repetir-se. E o sol morria aos poucos, lá ao longe, enquanto os jovens trocavam um beijo de amor…
O tempo das colheitas estava próximo. Havia, porém, muita ansiedade no coração de todos os lavradores daquelas terras, para os lados de Leiria. E numa noite em que a ventania zunia lá fora, alguém bateu fortemente à porta da cabana do jovem Alcoa.
Surpreendido, ele gritou, de dentro:
-Quem bate a estas horas?
Como resposta, as pancadas soaram mais fortes ainda, mais apressadas.
Destemido, o rapaz foi inteirar-se do que se passava. Mas, assim que abriu a porta, uma rajada de vento entrou, quase o derrubou. Caíram em terra o catre, a mesa e os bancos!
Num impulso de coragem, Alcoa fechou a porta. Então, dentro da casa, o vento girou num rodopio e, de súbito, transformou-se numa figura estranha, que sorria, fitando os olhos pasmados do jovem aldeão.
Ouviu-se uma gargalhada. E antes que o rapaz pudesse fazer qualquer pergunta, o desconhecido falou:
-Não te amedrontes! Não venho fazer-te mal. Quero apenas propor-te um negócio.
Atrapalhado, mas tentando encobrir essa atrapalhação, o rapaz perguntou:
-Mas…quem é o senhor?
Nova risada, desconcertante e fria como o vento que soprava.
-Que preocupação é essa? Para que queres saber quem eu sou? O que deve interessar-te neste momento…é o negócio que venho propor-te, a propósito das próximas colheitas!
-Negócio…sobre as colheitas?
Outra risada cortou o ambiente.
-Ora vês como já começas a entusiasmar-te?..
O rapaz explicou:
-De facto, estou ansioso por saber o que vai dizer-me sobre as próximas colheitas…A minha felicidade depende do resultado deste ano.
A figura estranha procurou o recanto mais sombrio da velha cabana.
-Pois imagina que venho propor-te apenas isto: se estiveres de acordo comigo, dar-te-ei a possibilidade de conseguires colheitas maravilhosas, e poderás casar ainda este ano, como é teu desejo!
Alcoa arregalou os olhos, num espanto sincero.
-Mas…como sabe o senhor que eu estou para casar?
Outra risada, ainda mais insistente, deixou um frio na alma do jovem Alcoa. Mas já o visitante respondia.
-Eu sei tudo, meu rapaz…Eu sei tudo!
Alcoa ficou perplexo. Perguntou:
-Afinal …que pretende de mim?
-Uma troca! Uma simples troca. Eu dou-te a garantia da melhor colheita de todos os tempos e tu assinas um documento no qual me concedes toda a tua terra.
-Não compreendo…
A voz do visitante começou a mostrar-se ligeiramente enfadada.
-Não compreendes? Pois é fácil. Estabeleces um pacto comigo, percebes agora? Tu dás-me apenas a tua terra, que se tornará maior e melhor… e eu dou-te a certeza de poderes casar e ser feliz. Queres?
Alcoa abanou a cabeça.
-Que ideia estranha, senhor! Mas…se lhe dou a terra… com que fico eu?
-Com o rendimento da própria terra, meu idiota! Terás riqueza…e poder!
Serás mais forte do que os ricos e mais temido que os poderosos!..
Com a voz fremente de alegria, Alcoa concordou:
-Se isso for verdade…aceito!
Soou então a maior gargalhada dessa noite. A figura estranha diluiu-se no recanto da cabana e o vento tornou a soprar lá fora, com redobrada fúria.
Sozinho, Alcoa voltou para o seu catre. Mas nessa noite não conseguiu dormir.
O rapaz guardou segredo de tão misteriosa visita. A ninguém contou quanto lhe fora proposto. Mas a impaciência, enquanto aguardava o resultado das colheitas, ia modificando o carácter folgazão do jovem Alcoa.
Baça, a sua terna noiva, foi quem mais lhe notou essa mudança. E certa manhã em que ele passava para as colheitas, ela interpelou-o.
-Alcoa! Espera um pouco… preciso falar-te.
Ele impacientou-se.
-Agora não! Espera-me à volta.
-Tem de ser agora, Alcoa! Preciso saber o que tens… o que se passa contigo…
-O que tenho? Mas… nada de especial…
-Ando preocupada. Estás diferente…
Ele agarrou-a pelo ombros.
-Baça! Já reparaste nas minhas colheitas? Ah… se tudo acaba como eu penso!...
Ela não sorriu. Ele também nem o notou. O olhar do jovem perdia-se no horizonte claro, a perscrutar o futuro. O da noiva estava posto nele, tentando prendê-lo a si.
-Alcoa! Eu sei que as tuas colheitas têm decorrido maravilhosamente. Mas só as tuas, e isso é que eu não entendo. Todos se queixam, todos…Só tu tens tido sorte!
Ele encolheu os ombros, com um sorriso desdenhoso.
-Pois claro! E o melhor ainda está para acontecer!
-Que dizes?
Ele riu um riso forte, que a impressionou. A rapariga estremeceu. Mas já ele lhe dizia adeus, afastando-se a passos largos…
As colheitas chegaram ao fim. Alcoa não cabia em si de contente, tinham excedido toda a sua expectativa. Estava rico! Riquíssimo! Fazendo contas ao dinheiro, o jovem fechou-se na sua cabana.
Quando a noite chegou, ainda ele arquitectava planos. Foi então que a estranha e misteriosa visita de tempos atrás voltou a fazer a sua aparição e da mesma maneira.
-Ora cá estou eu, como prometi. Disse-te a verdade, ou não?
Alcoa teve um pequeno arrepio, mas tentou sorrir.
-Tudo se passou tal como o senhor disse. O mais extraordinário, porém, é o meu caso em relação aos outros. Eles perderam tudo, coitados!
Soou ríspida a voz do visitante:
-Deixa lá os outros! Pensa sempre apenas em ti. Estás rico, meu rapaz.
Rico e poderoso! Podes casar quando quiseres.
-Nem sei como agradecer-te…
-Sabes… sabes muito bem! Ora trata de assinar este documento, conforme prometeste.
-Vou buscar tinta.
-Tinta? Para quê, meu rapaz? Este documento só poderá ser assinado com o teu sangue!
Alcoa mostrou na voz todo o seu pasmo:
-Com o meu sangue?
Então o estranho visitante confirmou, com o maior à-vontade:
-Claro! Com o teu sangue…Foi a combinação que fizemos.
O jovem continuava perplexo.
-Mas o senhor não me falou em assinaturas com sangue…
-E isso que importa agora? Se estás rico…se tens tudo o que desejas…se podes casar assim que o entenderes…
Alcoa suspirou:
-Tem razão. É bem pouco o que me pede, em troca de tanto que me dá.
Aqui tem a minha assinatura!
A partir dessa noite, os negócios de Alcoa começaram a prosperar de um modo quase aflitivo, de tão extraordinário que era! A tal ponto que os vizinhos começaram a olhar o rapaz com desconfiança. Murmurava-se na povoação. Aqueles que o tinham conhecido na sua meninice opinavam que deveriam ter com ele uma conversa. E, certa tarde, foi decidido que um deles, um dos mais velhos, fosse falar a sós com Alcoa. E o velho assim fez. Esperou, sentado à porta de casa. E quando ele surgiu, atacou-o sem mais reservas.
-Olha, rapaz! Venho falar-te em nome dos homens desta terra.
Alcoa atacou.
-O que desejam?
O ancião ajeitou o chapéu.
-Sabes… tu és ainda muito novo e inexperiente na vida. Já o mesmo não acontece connosco. Somos velhos e sabemos alguma coisa…Ora eles pediram-me como, já te disse, que te fizesse ver certo número de coisas…
Alcoa tornou-se agressivo.
-Que coisas?
O homem olhou-o.
- Não te irrites, rapaz! Só queremos o teu bem! Ora tu…vais por muito mau caminho…
-Dispenso conselhos!
Então o ancião irritou-se.
-Tanto pior para ti, Alcoa! Pois então vou dizer-te o que pensamos: tu tens pacto com o demónio!
O jovem franziu as espessas sobrancelhas.
-Cale-se aí! Sabe lá o que está a dizer! O que o faz falar é a inveja. A inveja que todos sentem da minha colheita!
O homem sustentou:
-Não é inveja. É plena consciência do que se está passando! Só assim se explica que as tuas terras estejam cada vez melhores… enquanto as nossas parecem cada vez mais ruins. Pois tem cuidado, Alcoa! Tem cuidado!...
A fúria transtornou a expressão do jovem lavrador.
-Se o senhor não fosse mais velho, ensinava-o já a ter mais respeito! Mas suma-se da minha frente e não volte a dizer sandices, ouviu? Senão…
Alcoa ainda levantou o braço. Mas uma voz de mulher gritou o seu nome, suspendendo-lhe o gesto. Ele voltou-se. Era a noiva que vinha a correr.
A rapariga mal podia respirar, de fadiga e de medo.
-Alcoa!...Alcoa!
- Que queres?
Era tão brusca a voz dele que a rapariga emudeceu por momentos.
-Vamos, responde! Que pretendes também de mim?
Ela achou forças para afirmar:
-Como estás mudado! É então verdade o que dizem?...
-Mas de que verdade falas?
Ela olhou-o aterrada. Ele insistiu:
-Vamos, vomita para aí todas essas censuras!
Com voz tremente, a jovem Baça esclareceu:
-Dizem que fizeste um pacto com o demónio…E vendo-te como estás, desfigurado, acredito que é verdade. Tenho medo, Alcoa…Tenho medo!
Os soluços embargaram-lhe a voz. Então o jovem gritou, colérico:
-Se acreditas… vai-te! Desaparece da minha vida!
Correndo como louca, a jovem Baça abandonou o noivo. Andou sem destino, três dias e três noites. Chorando …Chorando a sua grande desdita. A morte veio encontrá-la quando acabara de chorar a sua última lágrima. E conta a lenda velhinha que essas lágrimas reunidas se transformaram numa pequena ribeira, à qual foi dado o nome de Baça.
O jovem Alcoa caiu num desespero terrível, quando soube da morte da noiva. E diz-se que, milagrosamente, ele renegou por completo o pacto que fizera e jurou a Deus doar as suas terras a Santa Maria se conseguisse alcançar o perdão de Baça. O seu remorso era pesado e triste. Chorava Alcoa, sem cessar, a mágoa de ter sido ambicioso. Chorava dia e noite. E tanto chorou que também se transformou num rio: o rio Alcoa.
E passou a constar que, nas noites luarentas, as águas do Alcoa murmuravam, quebrando o silêncio:
-Baça, meu amor!..Perdoa-me, peço-te por tudo que me perdoes! Baça…Jurei dar as minhas terras a Santa Maria, se tu me perdoasses…
Pois numa dessas noites (ou talvez na madrugada de um novo dia, quem sabe?) outra voz respondeu às lamentações e aos apelos do rio Alcoa. E essa voz disse:
- Sim… Já que tanto o desejas. Vou perdoar-te… para que estas terras sejam na verdade de Santa Maria, e tu possas remediar assim os teus erros passados…Vou juntar-me a ti, Alcoa!
E ali mesmo, a ribeira Baça se misturou com o rio Alcoa, desaguando no seu lado esquerdo, que é o lado do coração…
Desde esse instante, o rio Alcoa passou a denominar-se Alcobaça, e todas essas terras ficaram devotadas a Santa Maria, cumprindo assim a jura feita.
E diz-se ainda que em certas noites se continuam a escutar murmúrios de vozes humanas, no meio das águas do rio. Murmúrios apaixonados. Murmúrios de amor.


Eventos


Feira de São Simão


Frutos secos, queijos, enchidos, compotas, vinhos regionais, entre muitos outros manjares da gastronomia regional do concelho de Alcobaça.



MOSTRA INTERNACIONAL DE DOCES CONVENTUAIS



Assumindo-se como pioneira do conceito em Portugal, a Câmara Municipal de Alcobaça, que trabalha nesta Mostra desde 1999, promove e divulga o riquíssimo património cultural que é a doçaria, apostando na tradição gastronómica deixada pela presença dos Monges e Monjas Cistercienses dos Conventos de Alcobaça e Cós.


Feira Medieval -Aljubarrota



Vila de Aljubarrota – Alcobaça


Várias actividades relacionadas com este evento que se realiza já alguns anos e tem vindo a ganhar cada vez mais visitantes.



Passeio pedonal junto ao rio Alcoa

Hotéis


*** Hotel de Santa Maria ( Residencial )

Rua Dr. Francisco Zagalo.
Tel: 262 597395 / 262 597405
Fax: 262 596715


*** Hotel D. Inês De Castro
Rua Costa Veiga, 44/48
2460-028 Alcobaça
Tel.: 262 582 355
Fax. 262 581 258
Reservas:
reservas@hotel-inesdecastro.com


** Hotel Termal da Piedade
Termas da Piedade(a 4Km do centro da cidade)
Tel: 262 582065 / 6
Fax: 262 596971


Pensões


*** Pensão Corações Unidos
Rua Frei António Brandão, 39
Tel: 262 582142
Parque de Campismo
Parque Municipal de Campismo de Alcobaça
Av. Professor Vieira Natividade
Tel: 262 582265


Restaurantes:


Adega Alegre
R Afonso Lopes Vieira, 39-cv
2460-021 ALCOBAÇA
Telef: 262 582 385


Pensão “Corações Unidos”
Rua Frei António Brandão
ALCOBAÇA
Telef: 262 582 14


Restaurante Cervejaria “O Cantinho”
Rua Engenheiro Bernardo Vila Nova, 2-A/B
2460-044 ALCOBAÇA
Telef: 262 583 471


Restaurante “Trindade”
Praça D. Afonso Henriques, 22
ALCOBAÇA
Telef: 262 582 397


Restaurante Frei Bernardo
Rua D. Pedro V, 17-19 2460-029 ALCOBAÇA
Telef: 262 582 227